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Os Mistérios de Ọya - Odù Ọ́SÁ





Há bastante tempo procuro um verso yorùbá - seja no Ifá ou no Idáàsà, que faça alguma correlação de Oyá com a ancestralidade, como é conhecido no Brasil e em Cuba. 
Muitos mitos que conhecemos aqui no Brasil são originados aqui mesmo e não em terras Yorùbá, adaptados à nossa cultura.



Lembra daquela minissérie da Manchete chamada Mãe de Santo? Que a Iyalorisa era a deslumbrante Zezé Motta? Se você disser para um yorùbá tradicionalista que Osanyin era homossexual ou bissexual, possivelmente você vai ganhar uma maldição de brinde. Portanto, há várias lendas e histórias que ficaram famosas no Brasil, mas que não é possível encontrá-las na Terra dos Òrìsà.
Foram muitos anos vendo Oyá sendo o alicerce nos ritos a Egungun aqui no Brasil, e agora na Esin Orisa não conseguia encontrar nenhuma referência nos ẹsẹ - versos - sobre essa relação tão íntima, como é famosa aqui no Brasil. 

Jamais vou me esquecer, há mais de 20 anos, quando eu ainda era ainda do Candomblé e uma filha da casa, que inclusive era iyawo de Oyá, retornou para Orun após uma grave doença. No cortejo até o cemitério, três Oyá(s) da casa participavam do rito, rasgavam o seu ilá no tempo, enquanto cantávamos e dávamos passos para frente e para trás, conforme a nossa tradição. Oyá encaminhava a todos nós até devolver o corpo da nossa irmã para Ile - Terra.

O tempo estava fechado, com as nuvens da cor de chumbo e toda a atmosfera do mundo espiritual nos dizia que a vida não acaba quando fechamos os olhos pela última vez.

Mesmo com muitos itan/histórias brasileiras e cubanas desenhando a relação entre Oyá e a Ancestralidade, não me refiro aqui a Egbe Orun, o verso a seguir é o que até agora chega mais perto dentro da minha pesquisa. A origem do verso é Egbado. Vou trazer a tradução, ele  pertence ao odù Ọ́SÁ

Iyansan, o Awo de Osa
Atepe, o Awo de Ile
Eles estavam puxando cada pedido,
Perguntavam se teriam sucesso,
Disseram-lhes para apaziguar sua cabeça interior.
É a cabeça que leva alguém a um lugar abençoado.

Este verso fala sobre a importância de Orí - cabeça -, mas aqui Orí também  é visto como parte do DESTINO. 

A história por trás do ẹsẹ nos conta que, quando Oyá queria ir até a floresta dos anciãos da noite (aqui refere-se também a Ìyámi e a Oṣó), foi pedido à ela para fazer os sacrifícios Oyá fez os sacrifícios
Quando ela entrou na floresta (nenhum vivo entrava na floresta), os anciões a saudaram, dançaram com ela, ofereceram comidas e fizeram dela uma entre as suas líderes.

No Brasil, quase todas as pessoas, principalmente mulheres, que são regidas pelo odù Ọ́SÁ são filhas de Oyá. No entanto, a vida de várias dessas mulheres e homens, possui um fluxo de muitas perdas e sofrimento. 
Por quê? Eu diria que falta de conhecimento dos sacerdotes, de um saber que não é popular no Brasil .
Ao longo dos últimos anos, vendo de perto e pegando nas mãos de muitas dessas mulheres que foram iniciadas, o odù Ọ́SÁ continua presente em suas vidas e o que isso quer dizer?
Não existe culto a Òrìsà sem Ìyámi e, principalmente neste odù é necessário saber se as Grandes Mães estão ou não a favor desta pessoa. Ọ́SÁ nos diz que Awon Ìyámi Agba tem uma função na vida daquela pessoa. Muitos incorporam de maneira enviesada que quem possui em seu enredo espiritual com Ọ́SÁ, são vistas como filhas das Grandes Mães e isso é o maior erro que alguém pode cometer.  A aparição de Ìyámi em seu negativo, em uma consulta - por isso é essencial e mandatório o uso dos ibo/iranse em uma consulta oracular - ou na vida de qualquer pessoa, nos revela a presença das maiores tragédias que existem no mundo e as que mais causam sofrimento nos seres humanos: a morte prematura, a morte de filhos, doenças crônicas, todos os tipos de acidentes, assassinatos, suicídios, todos os tipos de perdas, a paralisia e assim por diante.
O que quero alertar neste texto é que Oyá é maravilhosa, forte, corajosa e protetora de suas filhas e filhos, e que ela está muito presente no odù Ọ́SÁ, mas que ela não está sozinha nele. Ìyámi e Egùngùn também possuem suas próprias histórias, e dependendo de como estão se apresentando, podem nos alertar da necessidade de muitos cuidados espirituais, entre eles culto e até iniciação em Egùngùn, muito Ipese Iyami, Imule, Ebe Awon Agba e outros ritos/medicinas que existem, para que a pessoa consiga viver uma vida de bênçãos. Cada um possui a sua individualidade espiritual.


Sendo assim, as filhas e filhos de Oyá NÃO são pessoas que nasceram para sofrer, como muito se diz por aí, e sim que há muito mais a ser desvendado do que apenas uma iniciação. A iniciação, como o próprio nome diz, é apenas o início de uma nova vida, que precisará de muitos cuidados. 

Busque sempre sacerdotes competentes, que realmente tenham conhecimento, sabedoria e caráter, que lhe dêem a atenção necessária para cuidar da sua vida espiritual com seriedade.


Ona're O

Um bom caminho para você.

Iya Ifasola Egbekemi 

Ile Obatala Oni Igba Iwa - Brasília DF

Instagram @meucoracaoafricano Whatsapp: 13 99687 1985


Compartilhe o conhecimento com responsabilidade dando sempre os devidos créditos e as menções para quem escreveu.



 
 
 

1 comentario


Dani D'Aranha
Dani D'Aranha
há 3 horas

Axé!!!! ❤️

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